Nossa História

Testemunho

A violência contra mulheres e meninas, segundo as Organizações das Nações Unidas – ONU, é uma das violações mais difundidas, persistentes e devastadoras dos direitos humanos em nosso mundo hoje. E permanece em grande parte não relatado devido à impunidade, silêncio, estigma e vergonha que o cercam. 

Atualmente, em 25 de novembro, quando reconhecemos o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, refletimos sobre algumas das lutas ainda enfrentadas pelas mulheres em seus espaços domésticos. Olhe para mim. Veja! Pareço uma mulher que foi espancada?  Pareço uma mulher maltratada? É claro que, nesse momento já recuperei minha auto confiança novamente.

Quatro anos após o término de um casamento abusivo, eu posso compartilhar minha experiência e todo aprendizado que alcancei. Hoje minha experiência pode ajudar muitas outras mulheres que estão sendo ou foram abusadas. Como muitas mulheres, no entanto, eu sofri silenciosamente durante o relacionamento por medo e vergonha. O abuso começou muito cedo, mas não tomei a decisão de  deixá-lo em 16 nos de casamento. A razão para isso foi vergonha e algumas crenças que me impediam de tomar qualquer decisão… eu aguardava um milagre, um sinal externo pois não permitia ouvir a mim mesma, eu não queria a desgraça… eu pensava no grande casamento que tive, na minha família que sempre me dera o melhor e como agora eu devolveria o pior, a liderança religiosa que éramos e o quanto eu cria e esperava por uma mudança já que tinha investido ali sonhos, juventude, dedicação, muita dedicação, confidência, fidelidade, enfim.

Olhando para trás, vejo que se tratava de controle e poder. Se eu não estivesse tão cega teria visto e aceitado os sinais. Mas haviam sentimentos e também momentos bons que mesclavam o medo e a decepção.

Mesmo depois que o advogado e organizações de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica (AVIDA) aumentou a força para dar apoio ao processo que estava passando juntamente com meu filho de sete anos eu ainda não conversava com ninguém fora do meu círculo íntimo sobre isso até dois anos depois. A partir daí abriram-se as oportunidades para não só receber uma tremenda quantidade de apoio bem como ajudar muitas outras mulheres, inclusive amigas, confidenciando que estavam sendo abusadas em seus relacionamentos. Infelizmente, também fui atingida por episódios de vergonha e julgamentos pois algumas pessoas viam meu status de mulher agredida como o calcanhar de aquiles em um cenário religiosamente correto.

Por ter desenvolvido uma tremenda resiliência durante muitos anos consegui manter a aparência de que tudo estava bem. Pouquíssimas pessoas sabiam da verdade e tentavam me apoiar, porém respeitavam minha liderança e decisão. Não haviam muitas conversas sobre o assunto pois sempre protegia e justificava e por muitas vezes me culpava e pensava poder fazer mais em prol deste relacionamento a fim de que deixasse de ser abusivo e violento. Hoje eu tenho conhecimento e autoridade no assunto para poder ajudar outras mulheres a deixar relacionamentos abusivos, mesmo sem conhecê-las pessoalmente. 

Além de aconselhar as mulheres que conheço pessoalmente, colaboro com vários grupos e organizações, igrejas e grupos femininos em geral, para alcançar o maior número possível de mulheres, através de palestras e orientações baseadas nos direitos humanos e bíblicos. Com o propósito de servir e expressar meu amor por essas mulheres foi que criei o Love for Lives, organização sem fins lucrativos a fim de expandir essa assistência, que por sinal tem tomado proporções surpreendentes. Inclusive deixo aqui algumas orientações práticas às mulheres que estão sendo abusadas por seus parceiros ou por qualquer outra pessoa.

Considerem o seguinte:

1 – Procure aconselhamento objetivo… encontre alguém que não se se envolva demais na situação, pois muitas vezes, quando uma vítima de abuso confia em um amigo próximo ou membro da família, ela pode colocar essa pessoa em perigo ou causar mais violência. Recomendo o uso de um profissional treinado, com hablidades apropriadas e disposto a lhe ajudar, ou alguém neutro e capaz com a qual você se sinta à vontade, pois eles serão capazes de fornecer apoio sólido e objetivo.

2 – Procure aconselhamento jurídico… Não apenas para a mulher que não tem nada e depende do homem para sustentar e cuida dos filhos, mas também para as mulheres que têm independência financeira, e que tem algo próprio pois também precisam proteger seus bens. Busque todas as informações sobre seus direitos e de seus filhos o mais rápido possível pois podem existir prazos legais que os garantam. Não tenham medo de romper sempre haverá organizações ou pessoas dispostas a ajudar, sempre!

3 – Deixe as crianças se precisar pois muitas vezes o opressor a mantêm presa em uma situação abusiva, então é melhor sair temporariamente para então conseguir ajuda para todos. Embora o agressor não machuque as crianças, ele as usará como um mecanismo para continuar machucando você.  Se você não pode levar as crianças com você, fuja para seu próprio bem-estar e volte para elas quando puder.

E se você não sabe se está ou não sendo vítima de violência doméstica e abusos emocionais ou físicos, compartilho com você esse questionário do Women in Distress of Broward County, INC, utilizado pelo Departamento de Ajuda a Mulheres Vítimas de Violência Doméstica – AVIDA, do Estado da Flórida.

Identificando o abuso

MITO: Espancamento é raro.

REALIDADE: Espancamento é extremamente comum. O FBI estima que uma mulher é espancada a cada nove (9) segundos nos Estados Unidos. Há mais de 6 milhões de vítimas de violência doméstica a cada ano.

MITO: As crenças religiosas impedirão o espancamento.

REALIDADE: As crenças religiosas não impedem espancamento.

MITO: Violência doméstica é geralmente um evento único, um incidente isolado.

REALIDADE: Espancamento é um padrão, um reinado de força e de terror. Uma vez que a violência começa em um relacionamento, fica pior e mais frequente ao longo de um período de tempo. Espancamento não é apenas um ataque físico. É uma série de táticas (intimidação, ameaças, privação econômica, abuso psicológico e sexual) usados repetidamente. A violência física é uma dessas táticas.

Os especialistas comparam métodos utilizados pelos agressores aos utilizados por terroristas para fazer lavagem cerebral a reféns. Sem intervenção externa, o espancamento tende a se repetir, a menos que o ciclo seja quebrado com aconselhamento.

MITO: O abuso é um problema familiar.

REALIDADE: Apenas o autor tem a capacidade de parar a violência. Muitas mulheres que são agredidas fazem inúmeras tentativas de mudar o seu comportamento na esperança de que isso vai parar o abuso.

Isso não funciona. Mudanças nos comportamentos dos membros da família não irá causar ou influenciar o/a agressor para ser não violento. A violência doméstica é contra a lei! Florida Statute 741, 30 proíbe ataque, ataque agravado, espancamento, espancamento agravado, agressão sexual, perseguição, perseguição agravada, sequestro, cárcere privado, ou de qualquer ofensa criminal resultando no ferimento de um membro da família ou agregado familiar por um outro que é ou foi residente na mesma unidade única de habitação.

MITO: O álcool e as drogas são a razão para a violência doméstica.

REALIDADE: A violência doméstica é um padrão de controle do comportamento que se aprende, não é o resultado de álcool ou drogas. Nem todos os alcoólatras ou viciados em drogas são os abusadores, e a maioria dos abusadores não são viciados em drogas e/ou álcool. Abusadores frequentemente culpam drogas e álcool para que eles possam evitar assumir responsabilidade pelo problema…

MITO: As crianças precisam de ambos os pais, mesmo que um seja violento, ou  “Eu só vou ficar para o bem das crianças.”

REALIDADE: A exposição a violência irá prejudicar emocionalmente as crianças.

MITO: Os abusadores estão com raiva, são pessoas fora de controle.

REALIDADE: Os abusadores estão muito no controle – é por isso que a maioria não abusa de colegas de trabalho, amigos ou membros da família. Abusadores podem estar com raiva, mas é muito simplista assumir que a sua raiva seria diretamente apenas a uma pessoa. Porque os abusadores são altamente manipuladores, é normalmente impossível identificá-los em uma multidão. Em última análise, o abuso é sobre uma pessoa querendo obter e manter o poder e controle sobre o outro.

MITO: Uma vez que um/uma homem/mulher é agredido (a), sempre será um/uma homem/mulher agredido (a).

REALIDADE: Alguns/Algumas homens/mulheres podem, e quebram o ciclo na maioria das vezes deixando o agressor/agressora, através de aconselhamento.

  • A cada nove (9) segundos nos Estados Unidos há um incidente de violência doméstica.
  • De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, uma em cada quatro mulheres nos Estados Unidos vão sofrer violência doméstica em sua vida.
  • Existem seis (6) milhões de vítimas de violência doméstica a cada ano.
  • Cerca de 1.300 pessoas são mortas a cada ano por violência doméstica.
  • Mais de metade das mulheres que são vítimas de violência doméstica tem filhos menores de doze anos de idade em casa. Aproximadamente oito ponto oito (8.8) milhões de crianças testemunham a violência doméstica a cada ano.
  • As mulheres grávidas tem duas vezes mais probabilidade de sofrer violência doméstica do que as mulheres que não estão grávidas.
  • Dos homens que abusam de mulheres, 40 a 60% abusam das crianças também.
  • Cerca de cinco ponto tres (5.3) millhões de casos de violência doméstica ocorrem a cada ano entre as mulheres americanas de dezoito (18) anos de idade ou mais, e três ponto dois (3.2) milhões ocorrem entre os homens.
  • Nos Estados Unidos, a cada ano, cerca de um ponto cinco (1.5) milhões de mulheres e mais de oitocentos mil (800.000) homens são estupradas (os) ou agredidas (os) fisicamente por um parceiro (a) íntimo (a) 

Violência  doméstica atinge uma variedade de pessoas, independente de classe, riqueza, raça e, em particular, de genero. Infelizmente, a história do movimento anti-violência doméstica fez com que as mulheres tenham sido reconhecidas como vítimas muito antes do que os homens. Como resultado, ainda há poucos serviços na comunidade contra a violência doméstica dirigida especificamente para os homens como vítimas. No Women is Distress, estamos  mudando isso. Em 2009, nós percebemos um aumento significativo de sobreviventes do sexo masculino que procuram os serviços e, como resultado, nós oferecemos um grupo de apoio para homens que são sobreviventes de violência no namoro ou abuso doméstico. O grupo permite um espaço seguro para os homens falarem abertamente e sem julgamento sobre suas experiências únicas, de modo que eles possam entender melhor a sua situação e encontrar as ferramentas necessárias para impactar positivamente o seu futuro.

  • Solidão.
  • Não quer deixar seus filhos.
  • Não tem lugar para ir.
  • Falta de recursos financeiros e/ou habilidades de emprego.
  • Espera que o parceiro venha a mudar.
  • Não sabe onde e nem como procurar ajuda.
  • Tem medo do que o parceiro vai fazer contra ela e seus filhos se ela tentar sair.
  • Tem medo de viver sem parceiro.
  • Considera que as crianças precisam de um pai e uma mãe.
  • Considera o divórcio um estigma, acredita em manter a família unida a todo o custo.
  • Considera que é difícil para um pai ou uma mãe com filhos em idade escolar encontrar trabalho.
  • Considera que é vergonhoso admitir que não tem um bom casamento.
  • Considera o seu parceiro uma vítima e quer ajudá-lo.
  • Se sente responsabilizado pela sociedade pela sua própria vitimização.
  • Acredita que é culpado e tem baixa auto-estima.
  • Tem medo por causa do status de imigração e ameaças.
  • Parceiros do mesmo sexo que não querem ser expostos.
  • Crenças religiosas – muitas vítimas agredidas tem a impressão de que o seu destino na vida é sofrerbou que este era o plano de Deus.
  • Todas as outras táticas de poder e controle usados pelo agressor que manipulam a vítima a pensar que ela tem que ficar em um relacionamento, em que o agressor tenta diminuir sua auto-estima.
  • Monitorar todo o tempo da(o) parceira(o).
  • Acusar constantemente a(o) parceira(o) de ser infiel.
  • Desencorajar laços com a família e amigos. (Isola você, e dessa forma você fica sem suporte e apoio).
  • Prevenir a(o) parceira(o) de trabalhar ou de frequentar a escola. (Então, você se torna co-dependente).
  • Criticar a(o) parceira(o) por coisas insignificantes.
  • Ficar irritado(a) quando bebe álcool ou usa drogas.
  • Controlar todas as finanças e forçar a(o) parceira(o) a explicar tudo e todo o dinheiro que gasta.
  • Destruir coisas de propriedade pessoal da(o) parceira(o).
  • Bater, dar socos, tapas, pontapés, empurrões ou morder a(o) parceira(o) e/ou seus filhos.
  • Ameaçar e machucar a(o) parceira(o) e/ou as crianças.
  • Utilizar ou ameaçar o uso de arma contra a(o) parceira(o).
  • Forçar ou manipular a(o) parceira(o) a ter relações sexuais contra sua vontade.
  • Ameaçar de machucar ou machucar o animal de estimação da família.

Abuso Físico

  • Ameaça machucá-la(o) com uma arma ou matar você ou sua família, ou animal de estimação.
  • Empurra, dá tapas, socos, enforca você, provoca incêndios, ou engasga você.
  • Fisicamente restringe você de sair.
  • Lança, joga ou atira objetos em você.
  • Recusa-se a ajudar quando você estiver doente ou machucada(o).
  • Dirige de forma imprudente com você dentro do carro.
  • Quebra móveis, pertences ou seus bens pessoais.

Abuso Sexual

  • É ciumento(a), assedia-a(o) com assuntos imaginados, e assume que você vai fazer sexo com qualquer disponível.
  • Obriga você a despir-se quando você não quer.
  • Publicamente mostra interesse sexual por outras pessoas. Tem casos.
  • Força você a determinados atos sexuais não desejados, ou comete atos sexuais sádicos.
  •  Estupra você ou coage voce sexualmente.
  • Obriga você a ter relações sexuais com outras pessoas.

Abuso Emocional

  • Ignora seus sentimentos e ridiculariza ou insulta suas crenças, valores, religião, raça, herança ou classe.
  • Continuamente critica, xinga você, chama-lhe palavrões e/ou grita com você.
  • Ameaça regularmente que vai deixá-la(o) e ainda grita para você não ir embora.
  • Ameaça de sequestrar ou ferir as crianças se você o(a) deixar.
  • Manipula você com mentiras e contradições. Culpa você pelo abuso.
  • Retém sexo e afeto

Isolamento Social

  • Não permite o contato com a sua família.
  • Não permite que você tenha seus próprios amigos.
  • Se permite ter amigos, castiga-a(o) por te-los, xinga eles, chama-os de nomes, pergunta, acusa ou
  • pega no seu pé até você desistir das amizades ou parar os relacionamentos.
  • Mantém você prisioneira(o) em sua própria casa e nega acesso ao carro.

Dependência Financeira

  • Não permite que voce trabalhe.
  • Se você está empregada(o), causa problemas no seu trabalho, tenta fazer você ser demitida(o).
  • Mantém você em um subemprego ou em um emprego que você não gosta.
  • Controla o dinheiro ou recursos, faz você pedir dinheiro, pois tudo está no nome do agressor.
  • Recusa-se a trabalhar ou compartilhar dinheiro.

Compare sua experiência com esta lista de comportamentos abusivos. Se estas estratégias são parte de sua vida, você é uma vítima de violência doméstica.

Abusadores não são previsíveis e cada caso de violência doméstica é diferente. Lembre-se que você deve planejar com antecedência, e isso pode ajudar a manter você e suas crianças seguras, pois o planejamento de segurança é muito importante! Um plano de segurança deve ser feito com a ajuda de um conselheiro de violência doméstica. Um conselheiro pode ser contactado 24 horas por dia pelo telefone 1-800-500-1119, em todo o Estado da Flórida ou ligue para o WID linha de crise, linha de ajuda (954) 761-1133, em Broward County.

A violência doméstica é um comportamento aprendido. Como as crianças crescem e aprendem sobre o certo e o errado, elas aprendem o máximo possível das pessoas que estão mais próximas a elas, que são normalmente seus pais. As crianças precisam entender que o comportamento violento não está certo. Nem todas as crianças reagem da mesma forma a violência em sua casa. Abaixo estão alguns dos efeitos nocivos que a violência doméstica pode ter sobre o seu filho:

Mental

  • Sente-se deprimido.
  • Teme ser deixado sozinho.
  • Fica com raiva e fica chateado facilmente.
  • Fica cheio de raiva.
  • Sente-se culpado pelo abuso.
  • Tem problemas de confiar nos outros.
  • Tem baixa auto-estima.

Físico

  • Sente-se cansado, dorme na escola.
  • Tem dores de cabeça, e estômago.
  • Tem pesadelos/dificuldade para dormir.
  • Usa drogas/álcool.
  •  Tem dificuldade de concentração.
  • Não come ou come demais.
  • É violento para com irmãos ou colegas.
  • Faz xixi na cama, morde outras crianças.

Social

  • Faz coisas negativas para conseguir atenção.
  • Reage de forma exagerada a coisas pequenas.
  • Tem uma atitude de quem não se importa.
  • Tem um amigo problemático sempre presente.
  • Tem problema com a escola ou notas.
  • Fica sempre fora de casa ou foge de casa.

Crianças que crescem vendo abuso podem ter um maior risco de se tornar um agressor ou vítima de abuso, mas isso não significa necessariamente que isso vai acontecer. Crianças que assistiram ou experimentaram a violência doméstica podem ser ajudadas se elas recebem um lugar seguro para falar sobre seus sentimentos e contar suas histórias. No entanto, é importante discutir estas questões com as crianças em um lugar seguro, como em um abrigo e participar de um grupo de aconselhamento individual para crianças. Tranquilize, diga a seus filhos que você os ama e que o abuso não é culpa deles.

Sair de um relacionamento, mesmo um relacionamento abusivo, é muito difícil. É importante saber que você pode se sentir triste, solitária(o) ou culpada(o). Ter amigos ou outras pessoas para conversar pode fazer muita diferença.

Por favor considere:

  • Ligar para o Women in Distress através da linha 911 e pedir ajuda.
  • Sugerimos participar de igrejas, turmas de relacionamento, ir a workshops ou seminários, envolver-se com as atividades das crianças, bem como, buscar terapia ou aconselhamento individual ou em grupo.

Questionário

Você já esteve exposto (a) a alguma situação de abuso anteriormente ? Você gostaria de descobrir? Então descubra você mesmo (a):